O Renascimento compreende o intervalo
do século XVI. Este período, Renascimento
ou Renascença, deslocou o foco do teocentrismo
para o antropocentrismo, havendo uma
valorização da humanidade e seu talento, bem
como dos valores humanistas greco-romanos,
quando artistas filósofos buscaram referências
da Grécia e Roma antigas. Este é o cenário de
surgimento da Idade Moderna, na Itália, mais
especificamente em Florença e posteriormente
pensamento difundido para toda a Europa.
A idéia renascentista do humanismo
pressupunha uma ruptura cultural com a tradição
medieval. Ou seja, a partir do Renascimento,
o ser humano passou a ser o grande foco
das preocupações da vida e do imaginário dos
artistas.
O retrato, por exemplo, tornou-se um
dos gêneros mais populares da pintura, utilizado,
na ausência da fotografia, para o registro
de pessoas e famílias nobres e burguesas. O
estudo da literatura antiga, da história e da filosofia
tinha por objetivo criar seres humanos
livres e civilizados, pessoas de requinte e julgamento,
cidadãos, mais que apenas sacerdotes
e monges. Os ideais renascentistas de
harmonia e proporção conheceram o apogeu
nas obras de Rafael, Leonardo da Vinci e Michelangelo,
durante o século XVI.
O Renascimento vê o abalo sofrido
pela religião católica em função do fortalecimento
do Protestantismo. A fragmentada sociedade
feudal da Idade Média transformou-se
em uma sociedade dominada, progressivamente,
por instituições políticas centralizadas, com
uma economia urbana e mercantil. Neste momento
há um crescimento do comércio e da indústria
e também da vida cultural nas cidades,
por conta da ação dos mecenas, no campo das
artes e da música. O Renascimento italiano foi,
sobretudo, um fenômeno urbano, produto das
cidades que floresceram no centro e no norte
da Itália, como Florença, Ferrara, Milão e Veneza,
resultado de um período de grande expansão
econômica e demográfica vivenciado
na Idade Média.
A indumentária mudou bastante, tornando-
se mais requintada. As cidades italianas
de Gênova, Veneza, Florença, Milão passaram
a fabricar tecidos de alta qualidade, como veludos,
brocados, cetins e sedas.
As cortes européias, já bem estabelecidas,
trouxeram cada uma suas peculiaridades
no modo de vestir-se e de adornar-se, embora
ainda assim houvesse certa similaridade
pela influência que uma exercia na outra. Esse
processo de influência exercido pelas cortes
começou com as da
Itália, mas teve sequência
com as alemãs,
francesas, espanholas
e inglesas.
Na indumentária
masculina, bastante
colorida, chamativa e
mais expansiva do que
a feminina, o que caracterizou
o período foi
o Gibão – que, traduzido
para os dias de hoje,
seria o nosso paletó.
Era usualmente acolchoado,
com ou sem
mangas. Essas mangas eram presas por cordões
que eram escondidos por um detalhe almofadado.
Sobre o Gibão usavam ainda uma
espécie de túnica aberta na frente e confeccionada
com bastante e ornamentado tecido. Na
parte inferior, usavam um calção bufante.
Um detalhe interessante usados pelos
homens era a Braguette (ou Codpiece em inglês),
que era um detalhe usado sobre o órgão
sexual, que ajudava a unir uma perna à outra.
Embora houvesse essa utilidade, este adorno
possuía forte efeito erótico, evidenciando toda
a masculinidade e virilidade daquele que o trajava.
Nas pernas ainda usavam meias coloridas,
muitas vezes com uma perna diferente
da outra, como já se via na Idade Média. Estas
cores e/ou listras representavam o pertencimento
a determinado clã, funcionando com
uma espécie de brasão. Nos pés, deixaram de
lado os sapatos de bicos pontudos e passaram
a usar os de bico achatado e largo. Existiu
neste período uma associação dos efeitos de
arredondamento vistos na indumentária, com
aqueles manifestados na arquitetura. Esta caracterizou-
se não mais por pontas e bicos, mas
sim por arcos.
Inicialmente este período deixou se revelar
profundos decotes que, no entanto, com o
tempo foram sendo velados. Passou-se, então,
a ser usado, tanto por homens quanto por mulheres,
certo efeito de acabamento no pescoço,
um tipo de gola chamada Rufo. Os rufos eram
confeccionados com um tecido fino engomado,
geralmente branco e às vezes de renda, formando
uma enorme roda em torno do pescoço,
atingindo proporções inimagináveis com o
passar do tempo. Este acessório estava ligado
a um alto status social, uma vez que chegava a
impedir os movimentos que quem a usasse.
Uma moda muito difundida neste período
e que veio da Alemanha foi o Landsknecht.
Era um efeito de talhadas nos tecidos, produzindo
cortes na camada superior e deixando
aparecer o de baixo. Embora para ambos os
sexos, foi comumente usado por homens.
As formas,
de modo geral, vão
ficando arredondadas,
perdem a
verticalidade gótica,
expandindo-se
lateralmente, buscando
horizontalidade.
Para as mulheres
foi comum
o uso do vestido
Vertugado. Este
era rígido na parte
superior e da
cintura para baixo
se abria em formato de cone, sem efeito de
movimento, mais rijo
ainda, impedindo os
livres movimentos.
As mangas, muitas
vezes, eram longas
e largas e quase tocavam
o chão. Nesta
composição ainda
entravam os Landsknecht
e o Rufo. Os
cabelos eram usados
parecidos com os do
período anterior, com
adornos rendados,
pérolas, tranças enroladas
e o hábito de
raspar os cabelos do alto da testa, já visto no
final da Idade Média, permaneceu.
Embora a
moda feminina tenha
sido muito colorida
como a masculina,
chegava da Espanha,
em meados do século
XVI, tanto para
homens quanto para
mulheres, o hábito
de usar a roupa toda
preta. Este país sempre
manteve certo rigor
em sua indumentária,
pela tradição
cultural e religiosa,
e com sua ascensão
econômica, passou a
influenciar outros países.
Com o passar do tempo, mas ainda no
Renascimento, o Vertugado deixou de ser usado
para dar lugar ao Farthingale. Este vestido
cresceu bastante nas laterais dos quadris, sustentadas
por armações de arames, barbatanas
de baleia ou madeira.
Ainda podemos dar destaque ao Corpete,
peça muito importante para a história da
moda e que vai aparecer em diversos períodos
históricos. Esta roupa apertava muito a cintura
e contribuía para encaminhar o olhar para o órgão sexual feminino. Já era usado com o Vertugado,
mas com o Farthingale, gerava maior
atração do olhar, pelo acentuado volume dos
quadris.
Ainda para as mulheres, o Rufo evoluí
e se transforma na gola Médici, ainda branca
e de renda, formava um espécie de resplendor
contornando a parte de trás da cabeça. A grande
diferença era que agora a roda já não era
completa, tinha uma abertura frontal que permitia
o uso destacado de decotes. Neste momento
vemos a indumentária feminina ganhar
relação com a sedução, somando-se o uso do
corpete com o do decote.
Nenhum comentário:
Postar um comentário