quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

idade contemporânea seculo XIX. PARTE II



Romantismo

O período do Romantismo correspondeu
aproximadamente de 1820 a 1840. Antes
dele, contamos com o período de Restauração
(1815-1820), de pouca identidade na moda feminina,
que foi uma espécie de transição do
Império para o Romântico. Os vestidos começaram
a ficar mais ornamentados, com saias
sutilmente cônicas, decotes mais altos, mangas
compridas e justas nos punhos, porém bufantes
nos ombros.
A moda masculina, no entanto, estava
bem aquecida, em plena transformação já
desde o período do Império. Surge, na Inglaterra,
nesse momento de Restauração, um estilo
denominado de Dandismo, que foi mais do
que uma moda, avançando para um modo de
ser, um estilo de vida. Este movimento surgiu
pelas mãos de George Brummel e teve seus
dias mais gloriosos, efetivamente entre 1800 e
1830.
O modo de ser Dandy impôs-se e ditou
regras. Propunha sobriedade e distinção e
foi referência para toda a moda masculina do
século XIX. As roupas eram justas e não podiam
ter nenhuma ruga. Usavam casaco, colete,
calção ou calça comprida, camisas com
altas golas e pescoços adornados com o Plastron,
um lenço usado com sofisticados nós e
que deixavam a cabeça erguida, gerando certo
ar arrogante, típico Dandy.
Os homens ainda contavam com um
acessório que ficou marcado com ícone de elegância,
status e poder social, a cartola, que foi
usada durante todo o século XIX.
O período Romântico propriamente
dito defendeu as emoções libertas e pôs fim ao
racionalismo típico do Iluminismo. Este ideal
iluminista, em um momento em que a Revolução
Industrial estava a pleno vapor, estava
transformando os homens em máquina e fez
despertar o saudosismo. A proposta era um ser
humano espontâneo e emocional. Houve toda
uma influência no processo criativo das artes,
arquitetura, música, literatura e, naturalmente
na moda. A literatura romântica, abarcando a
épica e a lírica, do teatro ao romance, foi um
movimento de vanguarda e que teve grande
repercussão na formação da sociedade da
época, ao contrário das artes plásticas, que desempenharam
um papel menos vanguardista.
A pintura foi o ramo das artes plásticas
mais significativo, foi ela o veículo que consolidaria
definitivamente o ideal de uma época,
utilizando-se de temas dramático-sentimentais
inspirados pela literatura e pela História. Procura-
se no conteúdo, mais do que os valores de
arte, os efeitos emotivos, destacando principalmente
a pintura histórica e em menos grau a
pintura sagrada.
Para os homens o estilo Dandy permaneceu,
quase inalterado. Foi comum para
eles, a partir de 1830 e até a Primeira Guerra
Mundial, o uso de barbas. Neste momento os
homens estavam ocupados com o trabalho e
coube às mulheres a exibição dos poderes materiais
da burguesia.
Elas buscaram
inspiração
no passado e resgataram
os valores
tradicionais. Os tecidos
listrados e florais
foram comuns
e as cores mais
usadas eram tanto
os coloridos quanto
o preto. A cintura
volta para seu lugar
e novamente passa
a ser marcada pelo
corpete. As saias são usadas com anáguas e
adquirem volume cônico. As mangas passam
a ser enormemente bufantes e foram denominadas
de Mangas Presunto, preenchidas com
plumas e fios metálicos para dar o volume desejado.
Para a noite em especial, os decotes
aparecem novamente. Eram em forma de canoa,
bem acentuados, criando o aspecto de
ombros caídos. O xale manteve-se e podia ser
feito de renda, usado sobre os ombros, cobrindo
o decote e as mangas, para os vestidos que
as tinham.
Os adornos em geral foram muito usados.
Jóias como relicários, pulseiras, broches e
laços babados, fitas, flores. Nas cabeças usavam
cachos caídos sobre a face, sofisticados
penteados, chapéus de palha ou cetim, do tipo
boneca amarrados sobre o queixo. Os sapatos
tinham salto baixo e o leque era indispensável.
Era Vitoriana
O início da segunda metade do século
XIX foi marcado por Napoleão III (França) e
pela rainha Vitória (Inglaterra). A burguesia estava
com grande prestígio graças ao processo
da Revolução Industrial que estava caminhando
bem e permitindo o trabalho com negócios e
comércio e a acumulação de capital dentro da
sociedade de consumo vigente.
O reinado da rainha Vitória é marcado
pela instalação moral e puritanismo, ela era
uma figura solene. Em 1840 ela casa-se com
Albert, e este se torna o Príncipe Consorte.
Esta época é tida como o apogeu das atitudes
vitorianas, período pudico com um código moral
estrito. Isto dura, aproximadamente, até 1890,
quando o espirituoso estilo de vida “festeiro e
expansivo” do príncipe de Gales, Edward, ecoava
na sociedade da época.
Em 1861 morre o príncipe Albert e a
rainha mergulha em profunda tristeza, não tirando
o luto até o fim de sua vida (1902). A
morte do príncipe Albert marca o início da segunda
fase da era vitoriana. As roupas e as mulheres
começam a mudar, os decotes sobem e
as cores escurecem. A moda vitoriana do luto
extremo e elaborado vestiu de preto britânicos
e americanos por bastante tempo e contribuiu
para tornar esta cor mais aceita e digna para as
mulheres. Mesmo as crianças usavam o preto
por um ano após a morte de um parente próximo.
Uma viúva mantinha o luto por dois anos,
podendo optar – como a rainha Vitória – por
usá-lo permanentemente.
A Era Vitoriana, que durou aproximadamente
de 1850 a 1890, foi garantidamente
uma época próspera e os reflexos na moda
foram evidentes. A exagerada Crinolina representou
todo o aspecto de esplendor e prestígio
da sociedade capitalista. Tratava-se de uma
espécie de gaiola, uma armação de aros de
metal usada sob a saia e que permitia que esta
obtivesse um enorme volume cônico e circular.
O ideal de beleza do início da era vitoriana
exigia às mulheres uma constituição pequena
e esguia, olhos grandes e escuros, boca
pequenina, ombros caídos e cabelos cacheados.
A mulher deveria ser algo entre as crianças
e os anjos: frágeis, tímidas, inocentes e sensíveis.
A fraqueza e a inanidade eram consideradas
qualidades desejáveis em uma mulher,
era elegante ser pálida e desmaiar facilmente.
“Saúde de ferro” e vigor eram características
vulgares das classes baixas, reservadas às
criadas e operárias.
Os vestidos femininos eram dotados
de profundos decotes que deixavam o colo em
evidência. Ombros e braços também ficavam
aparentes e os tecidos eram muito luxuosos
como a seda, o tafetá, o brocado, a crepe, a
mousseline, dentre outros.
Este período marca o surgimento da
Alta Costura, que veio acompanhada do início
do processo de valorização do criador de
moda, permitindo a almejada diferenciação da
alta classe parisiense. O marco foi 1850, graças
a Charles Frederick Worth e vale destacar
que este processo teve estreita relação com a
Revolução Industrial e com o prestígio financeiro de sua burguesia industrial. Ele foi um
costureiro inglês que passou a ditar moda em
Paris fazendo as mulheres irem até ele; foi uma
revolução na moda. De acordo com Embacher,
(1999, p.41) Worth “cria o primeiro conceito de
griffe”.
Ao passo que a moda feminina estava
cada vez mais enfeitada, a roupa masculina
tornou-se uma roupa de trabalho, reflexo
da sociedade produtiva da época. Para ele,
fora a gravata, cartola e barba, a sobriedade
imperava e deixava transparecer um contraste
visual marcante entre homens e mulheres,
fossem nas cores, nos volumes, nos tecidos ou
ornamentos. Assim, ficou evidente que o homem
transferiu por completo para sua esposa
a conotação de exibição financeira: ela passou
a representar a riqueza de seu homem, deixando
claro seu papel de esposa e mãe.
Com o passar do tempo, há uma evolução
da Crinolina, que deixa de ser completamente
circular para concentrar seu volume da
parte de trás, se tornando uma gaiola reta da
frente.
Mais para o final da Era Vitoriana, por
volta de 1870/1890, a evolução continua e o
volume passa a ser apenas uma espécie de almofadinha
na parte traseira das saias: surge a
Anquinha. Eram feitas de crina de cavalo no início
e em seguida de arcos de metal unidos por
uma dobradiça que permitia que ela se abrisse
ou se fechasse quando a mulher sentava. O
volume se concentrou, então, só no traseiro feminino.
Os tecidos para os vestidos passaram
a ser os de decoração, usados em estofados
e cortinas. Os espartilhos eram indispensáveis
e os detalhes cresciam cada vez mais, com o
uso das rendas em especial e também de laços
e babados. Usavam leques, sapatos de salto
alto, sombrinhas, caudas nos vestidos e pequenos
chapéus para o dia.

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