
Anos 10
A partir do século XX o estudo da história
da moda passa a se dar por décadas, uma
forma didática e também necessária, por conta
da aceleração do processo de mudanças que
se evidenciou nas linhas da moda.
Os anos de 1914 a 1918 foram marcados
pelo conflito da Primeira Guerra Mundial.
Os tempos mudaram. A presença do homem
na guerra fez com que as mulheres de diversas
classes sociais passassem a atuar em diversos
setores antes masculinos: “(...) da área de
saúde aos transportes e da agricultura à indústria,
inclusive a bélica. Foi o começo da emancipação
feminina, uma necessidade durante
a guerra e, depois dela, um hábito” (BRAGA,
2007, p.70).
A moda sofreu uma série de transformações
neste período. O francês Paul Poiret,
foi o responsável pela grande mudança no vestuário
feminino: o fim dos espartilhos, em fim
os corpos estavam libertos dos amortizantes
apertos na cintura. Os tempos eram outros e
seria impossível para as mulheres, agora trabalhando,
manterem os antigos hábitos da silhueta
ampulheta. A necessidade de mudança
estava latente e Poiret a captou e deixou seu
nome marcado na história da moda.
Abrindo sua
própria mainson em
1903, Poiret projetou
seu nome com um
modelo de casacokimono
muito controverso,
mas em 1909
ele já havia conseguido
fama. Iniciouse
a onda oriental
na moda, com cores
fortes, drapeados suaves,
saias afuniladas
e muitos botões, sendo os enfeiteis favoritos da
época. Poiret pregava uma forma mais solta e
fluída para o vestuário.
Poiret também investiu no que, na
época, era pouco usual, mas que hoje se tornou
um padrão entre as grandes marcas; a
Criação de Poiret
expansão vertical da linha de produto. Em sua
Maison era possível encontrar, além de suas
roupas, móveis, artigos para decoração e perfumes.
Mas certamente, uma de suas maiores
inovações no mundo da moda foi seu desenvolvimento
da técnica de moulage ou draping,
uma radical inovação em um mundo dominado
pelo método de modelagem da alfaiataria. Esta
técnica permitiu a Poiret criar suas peças com
formas retas e alongadas, mas ainda sim fluidas.
Outra de suas mais
famosas criações é a “calça
sherazade”, que nada mais
é do que a calça saruel de
hoje. Foi inspirada no balé
russo que estava fazendo
muito sucesso na Europa.
Poiret também ficou
muito conhecido pela criação
da Saia Afunilada. Esta tinha
o formato muito próximo às
pernas e era muito apertada,
permitindo apenas paços pequenos.
Era usada pelas mulheres
com uma espécie de
tira que prendia uma perna à
outra para limitar o tamanho das passadas.
As criações de
Poiret sempre estavam
preenchidas por cores
vibrantes, um grande
diferencial em relação
ao lugar-comum da
época e sua assinatura
era a rosa, a qual aparecia
periodicamente
em suas roupas.
Outra mudança associada à praticidade
do período foi o encurtamento das saias e
vestidos, que subiram até a altura das canelas.
Os sapatos apareceram e as pernas igualmente,
mas em geral estas eram cobertas por
meias finas.
Chegando em meados da década, outro
nome se destacou, Gabrielle Coco Chanel,
com seus tailleurs de jérsei. Feitos com esse
tecido, de malha, agora eram dotados de toque
macio, sedoso, e elasticidade. Chanel seguiu
seu caminho de criadora e consolidou-se se
tornando a estilista mais importante de todo o
século XX.
A moda masculina não mais sofria as
alterações visíveis de outrora, era quase um uniforme:
calça comprida, paletó, colete e gravata.
Criação de Poiret
Vestido azul estampado com rosas, marca registrada
de Poiret
Saia afunilada
tira usada com saia
afunilada
Em 1918 termina a guerra e algumas
novidades se consolidam. A mulher solteira
não mais dependia de marido para sustentála,
conseguiu adquirir sua emancipação com a
independência financeira.
Na moda feminina as saia encurtaram
ainda mais, com a necessidade de trabalho e
atividades de lazer como a dança. Ainda nos
anos 10 a androginia aparece, com os curtos
cortes de cabelo e com a mulher sendo cada
vez mais independente, fumando em público e
dirigindo carros. Esses novos hábitos e novas
silhuetas são o que vai permanecer nos anos
20 e se transformarem em sua maior característica.
Curiosidade: Dizem que, certa vez, encontrando
Chanel em um dos seus empobrecidos pretinhos
básico, o insolente Poiret perguntou: “Por
quem está de luto, mademoiselle?” E ela, mais insolente
ainda responde: “Por você, monsieur!”
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